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DOC. ESPECIAL - GETULIO VARGAS VIVE


Nem FHC nem Lula fizeram pelos direitos trabalhistas algo comparável a Getúlio Vargas. O aporte de ambos à industrialização nem chega perto do de Juscelino Kubitschek. Ninguém faz sombra à contribuição do marechal Castelo Branco para a reforma agrária
Do blog do Alon:
Elio Gaspari publicou ontem na coluna dele na Folha de S. Paulo os resultados de um estudo sobre a evolução de certos indicadores de políticas públicas voltadas para a inclusão social.
Entre 1996 e 2008, os domicílios pobres com água encanada passaram de 48,5% para 68,3%. O acesso à rede de esgoto foi de 32,3% para 52,4%. Na luz elétrica, foi-se de 79,9% para 96,2%. Telefones fixos em domicílios pobres foram de 5,1% para 64,8%. Geladeiras, de 46,9% para 80,1%.
Se os números compilados pelo professor Claudio Salm a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios estiverem certos, são inquestionáveis. Foram anos de progresso social relevante. O Brasil está de parabéns, ainda que seja preciso avançar mais.
Mas o pesquisador quis saber também quanto da evolução aconteceu sob Fernando Henrique Cardoso e quanto sob Luiz Inácio Lula da Silva. O resultado, relatado por Gaspari, foi o esperado: quantitativamente, houve avanços semelhantes nos dois. Um pouco mais para FHC em alguns quesitos, um pouco mais para Lula em outros. E só.
A coluna de Gaspari discorre a partir daí sobre o descolamento entre a realidade e o discurso de que, ao contrário de Lula, FHC governou “só para os ricos”.
Eu vou pegar uma carona nos números e no trabalho do colega para entrar em outra seara: tão aborrecido quanto suportar petistas falando mal de tucanos e vice-versa é aguentar ambos falando mal dos demais.
Os números estão aí: antes de FHC, metade das casas pobres já tinham água encanada e geladeira, um terço já possuíam esgoto, quatro em cada cinco tinham luz elétrica.
Claro que mais combativo é descrever quantos domicílios pobres estavam antes de 1996 desprovidos desses confortos básicos da civilização.
Assim como é possível reclamar que mesmo depois de treze anos de poder tucano e petista ainda faltava água encanada em uma de cada quatro casas de pobre, faltava esgoto em metade delas, nem todas tinham luz elétrica, uma em cada cinco persistiam sem geladeira neste país tropical e quase quatro em cada dez viviam sem telefone fixo (aqui, é possível que o celular pré-pago tenha resolvido).
Uma coisa são os números, outra é a leitura política. Cada um faz a sua. Eu vou fazer a minha. Os dados da pesquisa são úteis porque comprovam que o Brasil moderno, mais civilizado, mais justo, não é obra exclusiva dos últimos sete anos, nem dos últimos quinze.
Nem FHC nem Lula fizeram pelos direitos trabalhistas algo comparável a Getúlio Vargas. O aporte de ambos à industrialização não chega perto do de Juscelino Kubitschek. Ninguém, nem antes nem depois, fez sombra à contribuição do marechal Castelo Branco para a reforma agrária. E devemos ao general Ernesto Geisel a sorte de não termos virado uma Argentina, onde o liberalismo extremado conduziu à desindustrialização.
O PT nasceu no começo dos anos 80 do século passado. O PSDB, no fim daquela década. Quem hoje vê o conflito permanente dos dois nem imagina como eram parecidos no nascedouro.
Foram sócios no “antipopulismo”, na crítica do nacionalismo, na defesa de que era necessária uma ruptura radical com o varguismo. Inclusive com o maior legado social de Getúlio, a Consolidação das Leis do Trabalho (a CLT).
Na cultura, eram cosmopolitas, irmanavam-se na rejeição do “nacional-popular”. Uns talvez por torcerem o nariz ao “nacional”, outros talvez por duvidarem de que na periferia do sistema uma coisa (o popular) não anda sem a outra (o nacional).
Mas são só divagações. Que tucanos e petistas continuem sua rixa, o que vai acontecer até aparecer alguém capaz de desafiar esse duopólio da política brasileira. Aí ambos voltarão à velha amizade.
Para quem olha (até certo ponto) de fora vale mais notar, como mostram os números, que o Brasil está cada vez melhor e mais justo. E vale comemorar que uns e outros, petistas e tucanos, corram hoje para se apropriar das teses desenvolvimentistas, nacionalistas e populares a que torciam o nariz lá atrás.
É reconfortante notar como os candidatos favoritos à cadeira de Lula, enquanto afiam a faca para brigar entre si, preparam cada um o discurso de ser o mais capaz de alavancar o investimento público. É bom ver como fogem da simples hipótese de revogar direitos sociais e trabalhistas.
Maior homenagem ao velho Getúlio, impossível

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